Os Jovens Repórteres para o Ambiente (JRA) investigam, questionam, entrevistam, recolhem factos, captam imagens, reportam e comunicam sobre sustentabilidade, num exercício de cidadania activa .
Este projecto é coordenado em Portugal pela Associação Bandeira Azul:
www.abae.pt

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Espreitar a acção Humana



Por entre o que resta de um bosque, com uma enorme biodiversidade, observa-se a acção humana nas margens do Rio Sorraia. A paisagem é linda, a perda de biodiversidade é grande!
Será este o Caminho da Humanidade?

Maria Coutinho
Escola Secundária com 3º CEB de Coruche

As Cores da Natureza


O Homem destruiu a paisagem, abateu a floresta, desertificou o solo. Mas, Natureza deu o seu toque de magia - com um pouco de cor.

Nesta região do Concelho de Coruche existia, até há 30 anos atrás, uma floresta com predominância de Pinheiro manso, mas o homem quis ter mais terrenos agrícolas, por isso abateu a floresta. Deparou-se, porém, com um solo arenoso e muito pobre em matéria orgânica, por isso utilizou fertilizantes em grandes quantidades, poluiu aquíferos superficiais que existem na região e desertificou o solo.

Maria Coutinho
Escola Secundária com 3º CEB de Coruche

domingo, 12 de junho de 2011

Floresta dos Sentidos

Ao percorrermos as florestas do Concelho de Coruche sentimos todo o tipo de sensações. A paz está presente em todo o lado e é possível ouvir o chilrear das aves, o barulho do vento a atravessar as folhas dos pinheiros, dos sobreiros, das azinheiras, o som dos animais, o verde que se vê, o agradável cheiro do rosmaninho, da esteva… É o despertar dos nossos sentidos!


Perto da Escola Secundária de Coruche deparamo-nos com as Encostas do Poente, um bosque repleto de vida. A biodiversidade neste local, com uma inclinação superior a 35%, é incrível, sendo que poderemos encontrar de todas as espécies desde simples rosmaninho até plantas de alto porte como o salgueiro de folhas brancas, mas também javalis e uma grande variedade de espécies de aves.




Neste local encontramos um refúgio espiritual, pois a calma é impressionante e os nossos sentidos começam a despertar com o cheiro do alecrim, outrora utilizado em chá para as constipações e bronquites, do funcho e da carqueja que defumava a casa dos nossos antepassados para eliminar os maus cheiros. Os nossos olhos encontraram a harmonia das cores da esteva, da giesta, das candeias, da dedaleira, entre outras. Recordámos os chás feitos com erva de São Roberto e com a Alfavaca-dos-montes, as omeletas de espargos, o unguento de cebola albarrã, o xarope de figueira-da-índia e a loção de margaça para aloirar o cabelo.
Este bosque, com um substrato que data do Pliocénico, é um importante habitat para inúmeras espécies e fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. Foi lá que encontramos a Cavalinha, que persiste no local deste os tempos pré-históricos, a aristolóquia, bela e altiva e a salsa-brava a dar umas pinceladas de branco na paisagem.








Foi lá, ao cimo da encosta, que encontramos as pegadas deixadas pelo Javali quando observava a lezíria do Sorraia, após um banho numa poça de água.
A poucos quilómetros deste local, na freguesia da Erra, encontramos outro paraíso de biodiversidade, a Herdade dos Concelhos.







Visitamo-la numa manhã em que o sol penetrava por entre os ramos dos pinheiros, dos sobreiros e das azinheiras, iluminando os sargaços com as suas flores brancas, o mato-branco, a urze, os pequenos carvalhos que insistem em voltar ao local e o medronheiro com os seus deliciosos frutos. O rosmaninho, o alecrim, a aroeira, outrora utilizados para perfumar as casas dos nossos antepassados, fazem questão de nos despertar o olfacto.





Os líquenes, os cogumelos, as malvas e a perdiz, que levantou voo quando sentiu a nossa presença, lembram-nos os reinos do mundo vivo e a importância de manter o equilíbrio e a harmonia entre eles.
Mas, o perigo espreita e estes paraísos também se encontram ameaçados. Os incêndios constituem um perigo para ambos os ecossistemas, localizados em zonas de acesso difícil.





No entanto, o Presidente da Câmara Municipal de Coruche, Dr. Dionísio Mendes, refere que o vandalismo é o principal perigo para a Herdade dos Concelhos. A maioria das pessoas desconhece a importância deste ecossistema e com frequência são cometidos actos de vandalismo. Para proteger o local, a Câmara Municipal tem investido em boas práticas florestais e pretende que esta herdade venha a ser uma “herdade-modelo”, transformando-a num eco-parque, com possibilidade de instalar famílias residentes, que possam fazer a gestão, a manutenção e a vigilância do espaço, evitando os actos de vandalismo. Até ao momento tem sido feita alguma divulgação do local com organização de algumas actividades que envolvem a comunidade, e das quais se destaca o Peddy-paper organizado pela Câmara Municipal com a parceria dos JRA.
Tal como a Herdade dos Concelhos, também as Encostas do Poente, apesar de classificadas como REN, correm perigo. O Professor Gil Malta, grande conhecedor deste local, refere que o maior perigo é a pressão urbanística, uma vez que a urbanização junto a este bosque promove uma impermeabilização dos solos com diminuição da recarga dos aquíferos e o aparecimento de lixos abandonados no local.
O Professor Gil Malta também defende que as Encostas do Poente deveriam ser classificadas como paisagem cultural uma vez que para além da biodiversidade existente foram encontrados vestígios Romanos e do Calcolítico.
Para proteger este local deveria ser interdita a utilização de herbicidas nas azinhagas de acesso, os quais terão sido os responsáveis pelo desaparecimento da típica Erva de Santa Luzia e pela contaminação de linhas de água.
Após a realização de alguns inquéritos constatamos que a maioria das pessoas desconhece a importância destes locais, o que aumenta potencialmente os perigos que enfrentam. Habitualmente não se protege o que não se conhece, pelo que é urgente sensibilizar a comunidade, envolvendo-a e responsabilizando-a.
Como Jovens Repórteres para o Ambiente e como cidadãos devemos dar o nosso contributo. Propomo-nos a promover estes locais, colaborando com a autarquia em acções de divulgação e sensibilização. O trabalho com pessoas idosas, no sentido de darem a conhecer as utilizações e as lendas associadas a muitas plantas, valorizando os seus conhecimentos, proporcionando-lhes um pouco de companhia e permitindo o perpetuar destes saberes, é um dos trabalhos que pretendemos fazer em parceria com os lares de idosos, centros de dia e Juntas de Freguesia. Pretendemos promover a utilização sustentável de produtos destas florestas como é o caso do mel, utilizado no típico bolo de mel de Coruche, dos pinhões, utilizados nos bolinhos de pinhão da freguesia do Couço e do alecrim que aromatiza a carne assada. Queremos divulgar o artesanato associado a esta utilização sustentável, como por exemplo, os pequenos sacos bordados com o típico ponto de cruz cheios de alfazema seca para aromatizar os roupeiros e o artesanato feito de cortiça, tão típica desta região e que faz de Coruche a Capital Mundial da Cortiça.
Queremos dar a conhecer para ser possível proteger!

Afonso Carvalho, Francisco Carvalho, João Pascoal, Maria Coutinho e Maria Oliveira
Escola Secundária com 3º CEB de Coruche

Coruche, capital mundial da cortiça, abriu portas a uma nova edição da FICOR